Os Cinco sentidos
São belas - bem o sei, essas estrelas.
Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor,olhos para elas:
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - ati!
Divina - ai ! sim,será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa.
Será; mas eu do rouxinol que trina
Não ouço a melodia,
Nem sinto outra harmonia,
Senão a ti - a ti
Respira - n'aura que entre flores gira,
Celeste - incenso de perfume agreste,
Sei... não sinto:minha alma não aspira
Não percebe,não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti - de ti
Formosos - são os pomos saborosos,
É um mimo - de néctar o racimo:
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão...mas é de beijos,
É só de ti - de ti!
Macia - deve a relva luzidia
Do leito - ser por certo em que me deito.
Mas quem , ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em - em ti!
A ti! ai ti, a ti só meus sentidos
Todos num confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram,
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte,
Será morrer por ti.
* Almeida Garrett
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial