Amor Vivo
Amor vivo
mas dum amor que tenha vida...
Não sejam sempre tímidos arpejos,
Não sejam delírios e desejos
Duma doida cabeça escandecida...
Amor que viva e brilhe!
luz fundida
Que penetre o meu ser - e não só beijos
Dados no ar - delírios e desejos
-Mas amor...
dos amores que têm vida...
Sim, vivo e quente!
e já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços,
Com névoa da vaga fantasia...
Nem murchará do Sol à chama erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores... se têm vida?
*Poema de Antero de Quental
**Desenho de William Blake
- O Vendaval dos Amantes, 1824-27
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